28/02/2025 | Brasil a Calicute
O Cabo da Boa Esperança
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Diário de Bordo – 28.02.25
O Parque Nacional da Table Mountain abriga uma de suas áreas mais notáveis: o Cabo da Boa Esperança, situado no extremo sudoeste da África do Sul. Famoso por sua beleza natural e importância histórica, o parque oferece paisagens deslumbrantes, rica biodiversidade e uma aura mística associada às grandes navegações.
Embora o Cabo da Boa Esperança (Cape of Good Hope) seja frequentemente confundido como o ponto mais ao sul da África, esse título pertence ao Cabo das Agulhas. No entanto, foi um marco determinante para exploradores como Bartolomeu Dias, que desbravaram novas rotas marítimas no século XV.
A região é marcada por falésias imponentes, praias intocadas e a vegetação do Fynbos, um bioma único da África do Sul, composto por arbustos e matas nativas. Embora ocupe apenas 6% do sul da África, o fynbos abriga metade das espécies vegetais do subcontinente e quase uma em cada cinco plantas descritas no continente.
Nas águas locais, é comum ver grandes florestas de kelp, algas que, quando levadas até a praia, secam e adquirem uma coloração escura. Além dessa flora exótica, o parque abriga animais como babuínos, antílopes, avestruzes e pinguins africanos. Para os aventureiros, trilhas panorâmicas, como a que leva ao emblemático farol do Cape Point, oferecem vistas magníficas do oceano Atlântico.
Foi aqui que Bartolomeu Dias, em sua viagem de retorno a Portugal, descobriu o Cabo da Boa Esperança. Durante sua expedição, afastou-se da costa africana, navegando para o sul antes de virar para leste e, em seguida, para o norte, onde chegou a Mossel Bay. Lá, percebeu que havia alcançado o Oceano Índico, confirmando a rota para a Índia. Ao voltar, avistou um cabo imponente, nomeando-o Cabo das Tormentas, acreditando ser o ponto mais ao sul da África, embora já tivesse passado pelo Cabo das Agulhas, o verdadeiro ponto extremo. O rei D. João II de Portugal, então, renomeou-o como Cabo da Boa Esperança, reconhecendo seu papel fundamental para a rota marítima rumo à Índia, vital para o comércio português.
Em Cape Point, dentro do parque, estão dois monumentos dedicados a Vasco da Gama e Bartolomeu Dias, grandes nomes da Era dos Descobrimentos. Também há um pequeno museu perto do farol, que conta mais sobre a história das navegações e a importância estratégica da região. O monumento a Vasco da Gama homenageia sua expedição de 1497-1498, quando foi o primeiro europeu a alcançar a Índia por via marítima. Já o monumento a Bartolomeu Dias celebra sua viagem de 1488, quando se tornou o primeiro europeu a navegar além do cabo, comprovando a rota para o Oceano Índico.
O Centro de Visitação possui trilhas e um vagão que leva os visitantes até o farol do Cabo da Boa Esperança. A vista é espetacular e nos faz refletir sobre a importância histórica do local. Com os joelhos reclamando, fomos almoçar no restaurante local, onde a comida estava tão boa que até fizemos alguns “sócios”, como o corvo-do-cabo, uma espécie comum na região.
Após uma pausa de uma hora, seguimos para explorar o outro lado da península.