04/03/2025 | Brasil a Calicute

Velejando pela Aguada de São Brás

Explorando a beleza de Mossel Bay a bordo de um catamarã, descobrindo a história dos navegadores e avistando tubarões e leões-marinhos em seu habitat natural.
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Diário de Bordo - 4 de março de 2025

Um dos nossos objetivos era contemplar a costa a partir de um barco, buscando experimentar, ainda que de forma breve, a sensação dos antigos navegadores ao avistarem novas terras. Tentamos imaginar os desafios que enfrentavam: meses no mar, água e comida racionadas, trabalho árduo e a incerteza do destino.  

Para vivenciar um pouco dessa experiência, nos inscrevemos em um passeio de duas horas pela baía de Mossel Bay. No fim da tarde, chegamos ao ponto de embarque, onde um catamarã nos aguardava. Zarpamos com o motor ligado, e, pouco depois, o marinheiro içou a vela. Mesmo com o vento fraco, ela auxiliava o motor, permitindo uma navegação silenciosa e tranquila. Durante o trajeto, ele nos contou que a embarcação era patrocinada pela marca de cerveja CORONA, o que tornava o passeio mais acessível para os turistas.  

A paisagem era deslumbrante, e a transparência da água chamava atenção. Em determinado momento, conseguimos ver com clareza um tubarão passando ao nosso lado, sua barbatana dorsal cortando a superfície. A região é conhecida por abrigar a maior concentração de tubarões-brancos do mundo, além de outras espécies. Suas presas principais – focas, pinguins e leões-marinhos – também são abundantes na área, criando um ecossistema fascinante e repleto de vida.

Logo, o agradável aroma da brisa marinha começou a ser substituído por um odor bem menos convidativo. Estávamos navegando a sotavento da Ilha das Focas – ou melhor, da colônia de centenas de leões-marinhos que habitam o local há milhares de anos. É provável que os antigos navegadores tenham aproveitado essa abundância de carne e gordura de fácil captura para se alimentar. Hoje, no entanto, esses animais não são consumidos devido ao risco de transmissão da raiva.  

Quando Bartolomeu Dias desembarcou na região em 1488, encontrou um povo nativo, os Khoi, que criava gado, motivo pelo qual batizou o local de Baía dos Vaqueiros. A abundância de água doce, a oferta de alimento e o mar tranquilo fizeram de Mossel Bay um ponto estratégico para os navegadores portugueses.  Oficialmente passou a se chamar Aguada de São Brás.

O passeio se encerrou ao cair da tarde, seguido por uma boa caminhada até o lado do museu, onde se encontra um dos restaurantes mais tradicionais da cidade, o Café Gannet Restaurant. Lá, desfrutamos de um jantar saboroso a um preço justo, como em todas as cidades que visitamos na África do Sul. Depois, seguimos de volta, caminhando lentamente… morro acima no caminho da igreja.