02/12/2025 | CULTURA em Revista
Franco Rovedo . Um Leão da Cultura


Infância e Origens Familiares
Franco Giuseppe Rovedo nasceu em 26 de setembro de 1961, em Curitiba, fruto da união entre Antonio Batista Rovedo e Bianca Purich Rovedo. Seu pai, nascido em Guaraqueçaba, descendia diretamente da família Rovedo que fundou a colônia de Superagui em 1852. Trabalhou como policial civil, profissão da qual se aposentou. Sua mãe, italiana de Trieste, chegou ao Brasil em 1956 aos quinze anos. O casal casou-se em Paranaguá em 1960 e, em seguida, mudou-se para Curitiba, onde administraram o famoso café da Boca Maldita enquanto moravam no Edifício Tijucas.
Dois anos depois, a família adquiriu uma casa na então isolada e rural Vila Marumbi, atual Jardim Social, vizinha ao Bacacheri. Durante a infância, Franco conviveu intensamente com seus avós maternos, que falavam apenas italiano, preservando em casa grande parte da cultura europeia trazida por Bianca.
Educação e Formação Inicial
Franco iniciou seus estudos no recém-inaugurado Colégio Bem-me-quer, no Hugo Lange. Houve uma tentativa de colocá-lo no Colégio Tia Paula, mas a dificuldade inicial com o português o impediu de continuar. A mãe, habilidosa com trabalhos manuais, costurava e bordava para ajudar no sustento da família, enquanto Antonio investia em pequenas obras e fundava uma empreiteira.
O ginásio foi cursado no Grupo Escolar Professor Brandão, e o segundo grau foi concluído no Colégio Estadual do Paraná. Franco destacou-se em natação e saltos ornamentais, influenciado por um professor que também era aqualouco e paraquedista, despertando nele o interesse por voar. Ao mesmo tempo, as férias em Paranaguá e na Ilha do Mel lhe proporcionaram profunda intimidade com o mar, a pescaria, o mergulho e a caça submarina, atividades tradicionais dos homens da família Rovedo.
A mãe, leitora voraz, transmitiu ao filho a paixão pela literatura, hábito que os unia diariamente.
Primeiros Contatos com a Aviação e Influências Acadêmicas
A proximidade com o Aeroclube do Paraná, no Bacacheri, inflamou a paixão de Franco pela aviação. Desde jovem, participou de eventos aéreos, revoadas e atividades ligadas ao voo e ao paraquedismo.
No período do cursinho no Colégio Dom Bosco, seu professor de português, Helio Bahia Corradini, elogiou sua escrita e o incentivou a continuar escrevendo. O conselho teve peso especial por vir de um aviador e paraquedista reconhecido no próprio aeroclube.
Em 1980, Franco ingressou muito bem colocado no curso de Engenharia Mecânica da UFPR. Na mesma época, seu pai estudava Comércio Exterior na FESP e sua mãe iniciava Engenharia Civil na UFPR. Ruy Sant’Ana, professor desta Universidade e piloto do aeroclube, também o estimulou a seguir carreira aérea.
Início da Vida Profissional e Empreendedorismo
Devido ao sistema de aulas da universidade, que se estendia por manhã, tarde e noite, Franco não conseguia manter um emprego formal. A solução foi empreender. Iniciou a produção e comercialização de camisetas e tornou-se especialista em serigrafia, enquanto ministrava aulas particulares de física e matemática.
No quarto ano da graduação, mudanças no ensino superior dificultaram a continuidade dos estudos para quem precisava trabalhar. Franco optou por abandonar o curso e dedicou-se integralmente à empresa de design e serigrafia, tornando-se referência no ramo gráfico. Começou a diagramar e revisar materiais publicitários e acadêmicos. Em 1985, conheceu os Estados Unidos e ampliou sua visão de mundo.
Atendeu diversas empresas de aviação, o que o levou naturalmente a integrar a equipe de marketing do 7º Campeonato Mundial de Paraquedismo, realizado em Foz do Iguaçu em 1987. Após sofrer um acidente de paraquedismo em Boituva, adquiriu um ultraleve e passou a realizar voos panorâmicos em Pontal do Sul, alternando voos turísticos e voos com faixas publicitárias no litoral paranaense.
Transição para a Computação Gráfica e o Universo Audiovisual
Em 1990, impressionado com as possibilidades da computação gráfica, investiu tudo o que tinha para adquirir uma das primeiras estações gráficas de Curitiba. Tornou-se beta usuário do recém-lançado Corel Draw, unindo seu conhecimento em design ao fascínio pela informática.
Após casar-se, reduziu o tamanho de sua empresa e passou a se concentrar na criação artística. Logo foi convidado a aplicar seus conhecimentos de computação gráfica em uma produtora de vídeos, a AUDISOM. O setor cresceu rapidamente, e em 1993 Franco recebeu convite para trabalhar em uma rede de televisão no Mato Grosso. Mudou-se para Cuiabá com a esposa e o filho recém-nascido, atuando por quase três anos como diretor de arte na TV Gazeta.
Em 1994, uniu sua paixão pela aviação ao trabalho jornalístico e realizou a cobertura da maior feira aeronáutica do mundo, em Oshkosh, Wisconsin, nos Estados Unidos.
De volta a Curitiba, fundou sua própria produtora e desenvolveu produtos autorais.
Tecnodata, Editorial e Expansão Intelectual
Em 1997, com a promulgação do novo Código de Trânsito Brasileiro, sua empresa Tecnodata destacou-se nacionalmente com apostilas e vídeos educativos. Franco atuou na criação de produtos e na direção comercial até 2005, quando fundou outra editora, a CBT Brasil Multimídia. Produziu obras sobre vários temas, incluindo matemática, desenho e conteúdos diversos.
Sua filha caçula nasceu em 2001. Em 2006, ingressou no curso de Gerenciamento de Empresas de Aviação e concluiu pós-graduação em Gestão de Empresas de Manutenção Aérea na Universidade Tuiuti do Paraná. Seu trabalho de conclusão transformou-se no livro A História da Aviação sob a Ótica da Instrução e Aprendizagem. Atuou como assessor do reitor Guilherme Rangel e contribuiu para a implantação de cursos de nivelamento.
Carreira Literária e Produção Cultural
Lembrando da promessa feita a si mesmo de escrever suas aventuras após os cinquenta anos, Franco lançou seu primeiro romance, A Flor da Pele, em 2013. O sucesso da obra inseriu-o definitivamente no cenário cultural da cidade. Seguiram-se livros de contos, crônicas e o romance A Luz das Velas. Passou a integrar importantes instituições literárias e artísticas do Paraná, como o IHGPR, ACCUR, Centro de Letras do Paraná, Centro de Letras de Paranaguá e ALB-PR.
Escreveu ainda Vento de Proa, sobre aviação, e O Farol das Conchas, sobre aventuras marítimas. Traduziu diversas obras em inglês, espanhol e italiano, incluindo Um Conto de Duas Cidades, de Charles Dickens. Tornou-se editor de livros de outros escritores, atividade que segue exercendo. Durante a pandemia, construiu um sebo com mais de cinco mil títulos, consolidando ainda mais sua atuação como profissional completo na cadeia editorial.
Pesquisas Recentes e Atuação no Lions Clube
Ele dedica-se atualmente a uma pesquisa histórica sobre a expedição de Pedro Álvares Cabral à Índia. No início de 2025 esteve na África do Sul estudando os locais visitados pelos navegadores portugueses.
É administrador e editor da AERO em Revista e da CULTURA em Revista nas versões impressas e digitais.
Neste mesmo ano, foi convidado por Tosihiro Ida a integrar o Lions Clube Curitiba Batel. Assumiu imediatamente a coordenação do Grupo de Cultura do clube, revitalizando o tradicional boletim O Bateleão e criando o projeto Leões da Cultura, responsável por publicar biografias e artigos de grandes nomes da cultura, formando um acervo permanente para o movimento leonino.
Legado, Valores e Inspiração Materna
A trajetória de Franco Giuseppe Rovedo reafirma sua ligação íntima com a cultura e a literatura, herança direta de sua mãe Bianca, sua grande incentivadora, falecida em 2025. Mantém convicção profunda na importância das boas amizades e das companhias que contribuem positivamente para a sociedade. Sua vida, repleta de realizações artísticas, intelectuais e humanas, permanece fiel ao espírito de curiosidade, generosidade e compromisso cultural que moldou sua história desde a infância.













