11/11/2025 | CULTURA em Revista

O Equilíbrio dos Minerais

“Uma jornada entre ciência e alma: o poder dos oligoelementos e da nutrição como linguagem de amor e reconexão com a vida.” por Mara Guimarães Gonçalves, nutricionista e pesquisadora em saúde integrativa.
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Quando olho para trás e refaço mentalmente os caminhos que me trouxeram até aqui, às páginas deste livro, percebo que a nutrição sempre foi, para mim, mais do que uma profissão: foi uma linguagem de amor.

Nasci em Curitiba, mas visitava com frequência uma pequena cidade do interior do Paraná, Prudentópolis, onde minha avó, Dona Senhorinha, cultivava um jardim de ervas que parecia ter vida própria. Alecrim, hortelã, camomila e manjericão brotavam entre as pedras do quintal como se guardassem um segredo antigo. Ela me dizia, com seu jeito simples e firme: “Cada planta tem uma força, menina. O corpo fala, e a natureza responde.”
Naquele tempo, eu não imaginava que suas palavras ecoariam com tanta força décadas depois, quando me encontraria diante de microscópios, artigos científicos e pacientes em busca de equilíbrio. Mas foi ali, entre chás e histórias, que nasceu o meu olhar curioso para o poder invisível dos nutrientes, esse diálogo silencioso entre o corpo e os elementos da Terra.

Minha formação em Nutrição na Faculdade Espírita e Pontifícia Universidade Católica do Paraná foram os primeiros passos de uma jornada que se tornaria uma verdadeira travessia interior. Aprendi sobre macronutrientes, metabolismo, vitaminas e o impacto dos alimentos no funcionamento do organismo. No entanto, algo sempre parecia faltar. Sentia que a nutrição, embora essencial, estava sendo estudada de forma fragmentada, como se o ser humano pudesse ser reduzido a tabelas de calorias e equações bioquímicas.

Ao viver nos Estados Unidos, mergulhei na rotina da medicina tradicional e, por um tempo, esqueci os ensinamentos de minha avó. Quando retornei ao Brasil e comecei a exercer minha profissão de nutricionista nas escolas públicas, a realidade do meu país me confrontou. Percebi que as doenças causadas pela má nutrição não seriam curadas apenas com o conhecimento básico que havia adquirido na faculdade.

Durante meus primeiros anos de prática clínica, encontrei muitos pacientes que, apesar de seguirem dietas equilibradas e praticarem exercícios regularmente, continuavam sentindo um vazio: cansaço crônico, insônia, ansiedade, imunidade baixa, falta de vitalidade. Era como se houvesse um descompasso sutil, algo que escapava às análises laboratoriais tradicionais. Eu me perguntava: o que estávamos deixando de ver?

Ao compartilhar um consultório com uma médica nutróloga, fui apresentada à medicina ortomolecular. Lembro-me nitidamente dos estudos do médico francês Jacques Ménétrier, um dos pioneiros no campo dos oligoelementos. Ele descrevia com paixão como pequenas quantidades de minerais, como zinco, cobre, manganês e selênio,atuavam como catalisadores vitais em inúmeras reações enzimáticas, sustentando o equilíbrio do corpo de maneira sutil e poderosa.

Foi justamente nesse período que a vida me colocou diante de uma prova pessoal profunda: fui diagnosticada com um câncer de tireoide. Após a cirurgia, recebi a prescrição de um tratamento complementar à base de Ouro, Prata e Cobre, uma combinação usada na terapia oligoelementar para restaurar a harmonia celular e o equilíbrio energético. O resultado foi impressionante: em poucas semanas, percebi uma melhora significativa na disposição, na estabilidade emocional e na recuperação hormonal.
Essa experiência foi um divisor de águas. Naquele instante, compreendi que os oligoelementos eram as “notas silenciosas” da sinfonia biológica humana, elementos traço, invisíveis aos olhos, mas indispensáveis para a harmonia do todo.

Comecei a estudar profundamente o tema, revisitando a bioquímica com outro olhar. Descobri que o zinco, por exemplo, participa de mais de 300 reações enzimáticas no organismo, influenciando desde o sistema imunológico até a síntese de DNA. O selênio, em doses ínfimas, é essencial para a ação da glutationa peroxidase, uma enzima fundamental na defesa antioxidante das células. O cobre regula o metabolismo do ferro e participa da formação de colágeno e melanina. Já o manganês atua na produção de energia e na proteção contra o estresse oxidativo.

Quanto mais lia, mais me encantava. Percebi que o corpo humano é um verdadeiro laboratório de interações sutis, e que a ausência, ou mesmo o desequilíbrio, de um único oligoelemento pode gerar uma cadeia de desordens. A ciência começava a provar o que minha avó já intuía com suas ervas: a saúde é uma questão de equilíbrio.

Em 2005, meu marido, Valmir, passou a representar produtos de suplementação de oligoelementos. Rapidamente percebemos a eficácia desse tipo de produto. Como exemplo, estudamos na época um grupo de pessoas com fadiga crônica e distúrbios metabólicos leves. O resultado, após 12 meses de estudo, foi surpreendente: 78% dos participantes relataram melhora significativa na energia, no sono e na concentração. Além disso, observamos uma regulação mais eficiente de marcadores inflamatórios e oxidativos.

Foi nesse período que compreendi algo essencial: os oligoelementos não são apenas nutrientes; são mensageiros. Eles carregam informações que reequilibram os sistemas vitais do corpo. Em pequenas doses, restauram a comunicação entre as células, como se afinassem um instrumento desafinado.

Passei então a ver meus pacientes de outra forma. Deixei de tratá-los apenas como portadores de sintomas e passei a enxergá-los como sistemas energéticos em busca de coerência. Introduzi protocolos personalizados de suplementação de oligoelementos, sempre com acompanhamento clínico e exames de oligoelementometria, e os resultados foram cada vez mais consistentes. Pessoas com histórico de estresse crônico, insônia, queda de cabelo e depressão leve começaram a apresentar melhoras expressivas.

Cientificamente, isso se explica porque os oligoelementos participam de circuitos metabólicos que sustentam tanto o corpo físico quanto a vitalidade energética.
Estudos como o de Lukaski et al. (2019, Journal of Trace Elements in Medicine and Biology) demonstram que o equilíbrio mineral está diretamente relacionado à regulação do sistema nervoso autônomo e à resposta ao estresse. O corpo, quando bem mineralizado, responde melhor aos desafios externos, físicos e emocionais.

Foi também nesse período que minha percepção de saúde começou a se expandir. Entendi que nutrição não é apenas o que colocamos no prato, mas o que conseguimos absorver, integrar e transformar em energia vital. E que essa energia, chamada por muitos nomes, como prana, chi ou simplesmente “força vital”, depende do delicado equilíbrio eletromineral do organismo.

A física quântica e o bioeletromagnetismo começaram a oferecer pontes entre a ciência tradicional e a sabedoria ancestral. O pesquisador Fritz-Albert Popp demonstrou que as células emitem biofótons — partículas de luz que refletem o estado energético do corpo. Quando há deficiência mineral, essas emissões tornam-se caóticas, indicando desorganização biológica. Quando o equilíbrio mineral é restaurado, a luz celular volta a pulsar com harmonia.

Essa descoberta me tocou profundamente. Percebi que cuidar do corpo é também cuidar da luz que o anima. Foi a partir dessa compreensão que nasceu a ideia deste livro. O Equilíbrio dos Minerais - O Poder dos Oligoelementos na Saúde é, portanto, mais do que um compilado de informações científicas; é uma ponte entre o conhecimento técnico e a experiência humana. Escrevemos cada capítulo com o desejo de aproximar as pessoas da sabedoria do próprio corpo, convidando-as a reconectar-se com sua natureza essencial.

Os oligoelementos, ferro, zinco, cobre, manganês, selênio, cromo, molibdênio, iodo, silício e tantos outros, são como alquimistas do organismo. Em quantidades microscópicas, transformam o caos em ordem, a fadiga em vitalidade, a confusão mental em clareza.

Na minha prática clínica, vi pessoas renascerem ao restabelecer seu equilíbrio mineral. Vi olhares voltarem a brilhar, vi a energia retornar, a disposição florescer. Vi a ciência e a espiritualidade caminharem lado a lado, uma explicando a outra, sem se anularem.

Mas talvez o aprendizado mais profundo tenha sido o de que o corpo humano é um sistema inteligente e autorregulador, e que nossa função como terapeutas é apenas facilitar o caminho para que ele se lembre de como voltar ao centro.

Pesquisamos nas melhores fontes disponíveis, garantindo que cada informação fosse cuidadosamente verificada e fundamentada. Buscamos referências confiáveis e atualizadas, mostrando rigor e dedicação em cada etapa do nosso trabalho.

Ao longo das páginas que seguem, o leitor encontrará tanto embasamento científico quanto reflexões filosóficas sobre a interdependência entre nutrição, energia vital e consciência. Os oligoelementos serão apresentados não apenas como substâncias químicas, mas como expressões da inteligência da Terra, fragmentos do cosmos que participam da dança da vida em cada célula.

Como descreve o bioquímico francês André Picot, em seu clássico Les Oligoéléments en Médecine (1989), “os oligoelementos são os fios invisíveis que tecem a rede da vida”. E é exatamente isso que este livro pretende mostrar: como restaurar essa teia sutil é restaurar a própria vitalidade.

Hoje, após mais de vinte anos de profissão, posso afirmar com serenidade que a saúde integral é fruto de uma escuta profunda, do corpo, da mente e da alma. E essa escuta começa quando reconhecemos que somos parte de um ecossistema mineral vivo. Cada molécula de ferro em nosso sangue, cada átomo de cobre em nossas enzimas, cada traço de zinco em nossas sinapses é uma lembrança silenciosa de que pertencemos à Terra.

É por isso que este livro também é um convite à reconexão. Não apenas com a ciência, mas com a natureza.  Não apenas com o alimento, mas com a energia que ele carrega. Ao compreender os oligoelementos, aprendemos que não há separação entre o que somos e o que comemos; entre o corpo e o planeta; entre a biologia e a espiritualidade.

Entre a ciência e o sagrado

Certa vez, durante uma consulta, uma paciente me perguntou:
— “Doutora, por que me sinto tão cansada, mesmo me alimentando bem?”
Enquanto observava seus exames, percebi uma leve deficiência em magnésio e zinco. Mas havia algo além dos números. Havia um olhar sem brilho, uma respiração curta, uma alma cansada. Começamos um processo de reequilíbrio que envolveu alimentação mineralizante, suplementação de oligoelementos específicos e práticas de relaxamento. Dois meses depois, ela me escreveu:

— “Sinto que algo em mim voltou a funcionar. Não apenas o corpo, mas o ânimo, a vontade de viver.”
Esse é o poder dos oligoelementos: não apenas corrigir deficiências, mas restabelecer o fluxo vital.

A ciência moderna tem caminhado nessa direção. Pesquisas publicadas em revistas como Nutrients, Trace Elements Research e Biological Trace Element Research reforçam que o equilíbrio de minerais traço está associado não apenas à saúde física, mas também ao bem-estar mental e emocional. Um estudo de Watanabe et al. (2020) mostrou que baixos níveis de zinco e cobre estão correlacionados a sintomas depressivos e de ansiedade em adultos jovens. Outro, de Huang e colaboradores (2021), destacou o papel do selênio e do manganês na modulação da resposta imunológica e na prevenção de doenças autoimunes.

Esses achados sustentam o que venho observando na prática clínica há anos: o corpo fala em linguagem mineral. Cada deficiência é um sinal, cada desequilíbrio, um pedido de reconexão.
E é nessa fronteira entre o visível e o invisível que os oligoelementos atuam. Eles são como tradutores entre o mundo físico e o mundo energético, permitindo que a informação flua livremente entre as células. Quando há escassez, a comunicação celular se rompe, e o corpo começa a perder coerência física, emocional e até espiritual.

Não é coincidência que, em muitas tradições antigas, os metais e minerais fossem considerados sagrados: o ouro, símbolo de pureza e luz; o cobre, associado à harmonia; o ferro, à força e à coragem; o magnésio, à fluidez da água. Cada elemento traz uma vibração, uma frequência, uma mensagem.

Hoje, a bioquímica moderna confirma essa antiga sabedoria, demonstrando que cada mineral realmente ressoa em frequências específicas que influenciam os tecidos e os sistemas biológicos. Essa interconexão é o que fundamenta a saúde integral, um estado em que corpo, mente e energia se alinham em um mesmo propósito.

Um novo começo

Escrever este livro foi, para mim, um ato de amor, cura e renascimento.
No início de 2025, meu marido, Valmir, partiu após um ano de luta corajosa contra um câncer cerebral. Foram meses intensos, de dor, entrega e aprendizado. Acompanhar seu tratamento foi como atravessar uma tempestade interior. Quando ele se foi, senti que o chão havia desaparecido sob meus pés. Por algum tempo, duvidei se conseguiria continuar meu trabalho, aquele que ele sempre admirou e apoiou.


Foi então que Franco Rovedo entrou na minha vida. 
Nos conhecíamos de forma distante, mas foi a empatia dele diante da minha dor que abriu um novo caminho. Franco se aproximou com uma generosidade silenciosa, oferecendo não conselhos, mas presença. Era como se ele entendesse que, às vezes, o que mais precisamos é apenas de alguém que segure nossa alma com delicadeza.

A amizade nasceu no terreno fértil da perda e, de maneira natural e bonita, transformou-se em amor. Franco é escritor experiente, um homem de palavras e de escuta, e foi ele quem me incentivou a pesquisar e escrever este livro. Disse-me que o conhecimento que eu havia acumulado ao longo dos anos não poderia permanecer guardado, que seria uma forma de honrar a vida, e também um tributo a Valmir, cuja fé na ciência e na força do espírito sempre me inspirou. Juntos, pesquisamos, revisamos textos, discutimos ideias e lapidamos capítulos. Ele mergulhou no tema com curiosidade e respeito, estudando cada detalhe sobre os oligoelementos, como se quisesse compreender não apenas a ciência, mas também o que me movia por dentro. Seu apoio emocional foi imenso, e fundamental para que eu encontrasse coragem e propósito novamente.

Este livro, portanto, é fruto de muitas mãos, de muitas vidas e de muito amor. É um tributo à memória de Valmir, à presença luminosa de Franco e à minha própria travessia de renascimento. Escrevê-lo foi como recolher as peças de mim mesma e, com a ajuda da ciência e da ternura, reconstruir um novo sentido para tudo.

A mensagem final

Enquanto escrevo estas linhas, volto a lembrar do jardim da minha avó. As plantas ainda estão lá, cuidadas agora por outras mãos, mas o perfume do alecrim continua o mesmo. Ele me lembra que a saúde nasce da simplicidade, de ouvir o corpo, de respeitar a Terra, de valorizar o pequeno.

Os oligoelementos são, de certa forma, as ervas medicinais da era moderna: discretos, mas poderosos. Eles nos convidam a olhar para dentro, a perceber que a força da vida pulsa em cada átomo, e que a verdadeira cura acontece quando ciência e alma se encontram.

Que este livro inspire o leitor a reencontrar o próprio centro. Que desperte a curiosidade, o encantamento e o respeito por esses elementos que sustentam a existência desde o início dos tempos.
Porque, no fim, compreender os oligoelementos é compreender a nós mesmos, seres feitos de poeira de estrelas, nutridos pelos minerais da Terra e guiados por uma centelha de luz que, quando em equilíbrio, manifesta o verdadeiro poder da saúde integral.

Mara Guimarães Gonçalves
Curitiba, primavera de 2025


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