26/10/2020 | CULTURA em Revista
Ao Infinito e Além . Renato Roble
Assim como a letra manuscrita de uma pessoa é vista como um reflexo de sua personalidade, havendo inclusive, estudos que traçam o perfil completo dela, apenas pela análise da sua assinatura, a marca de uma empresa é a definição resumida da assinatura empresarial desta marca e deve ser entendida como a sua Identidade Visual.
A preocupação estética, ou seja, o cuidado que uma determinada empresa tem com a sua apresentação visual, é traduzida como uma extensão da qualidade dos produtos e dos serviços oferecidos pela empresa.
Se revirarmos nosso baú, encontraremos cartas, bilhetes, redações e documentos antigos que provavelmente apresentam assinaturas diferentes pra determinadas épocas de nossas vidas.
A assinatura que desenhávamos no primário, não é a mesma que esnobávamos no ginásio, que por sua vez, difere da que tínhamos no segundo grau e que com certeza, não é a mesma que utilizamos hoje. Isto é normal. Quer dizer que passamos por várias fases, vencemos algumas etapas e evoluímos.
Com uma empresa, é a mesma coisa. Se analisarmos sua trajetória, notaremos que ela foi criada e, de uma forma ou outra, cresceu e evoluiu. Esta evolução pode ser observada não apenas pelos números de suas vendas, de colaboradores, da área construída, mas principalmente, e é aí que eu quero chegar, pela evolução de sua marca, de suas embalagens, pelo design de seus produtos e por toda a sua preocupação estética.
Como designer, tenho participado do amadurecimento e do crescimento de várias empresas e sinto que a evolução de uma empresa, apesar de ser uma trajetória natural, é muitas vezes conflitante, podendo ser comparada à passagem da infância pra adolescência e desta pra idade adulta, ou seja, pode ser bastante dolorida em certos momentos.
O que se vê é empresários que, curiosamente, não querem crescer, que, por temerem por crises imaginárias ou por apego sentimental à marca antiga, não aceitam mudanças e também empresas que rejeitam melhorias, com receio de não serem compreendidas pelo seu público.
O engraçado é que se trata de uma viagem ao infinito, que não tem mais volta. Apesar de ser sofrido crescer, ninguém deseja, realmente voltar a ser criança.
Quando uma empresa conquista uma nova etapa em sua evolução, seja através de um novo logotipo, de uma nova embalagem, ou de um reestudo em sua identidade visual, a primeira reação é estranhar a mudança, a segunda é se acostumar com ela e a terceira é sentir que seria impossível voltar atrás.
Por isto, não se deve ter medo do novo, do criativo, do diferente. Já parou pra pensar, o Bradesco, por exemplo, abandonando seu logotipo atual e voltar a utilizar o antigo, aquele que hoje ninguém se lembra mais como era?
Luiz Renato Roble, é designer formado pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduado em Arquitetura de interiores pela Universidade Positivo. Trabalha na Datamaker, há 38 anos, criando projetos de design de ambientes, fazendo muitas empresas crescerem, sedutoras e atraentes e é o autor do livro Traços Crônicos.
SUMÁRIO da CULTURA em Revista nº1