21/10/2020 | CULTURA em Revista
Porque somos Imortais . Franco Rovedo
Escrever é um ato que transcende o tempo. As palavras, uma vez registradas, deixam de pertencer exclusivamente ao autor e ganham vida própria. Elas se multiplicam nas páginas dos livros, percorrem gerações, ultrapassam fronteiras. O que é escrito pode ser lido hoje, amanhã ou daqui a séculos, e, em cada leitura, o autor é chamado, mesmo que seu corpo já tenha deixado de existir.
Pense em nomes como Homero, Shakespeare, Machado de Assis. Suas palavras resistem ao tempo e continuam a impactar mentes e corações. Suas ideias, emoções e histórias são capazes de atravessar os séculos intactas, renovadas a cada interpretação, como se tivessem sido escritas há pouco. O escritor, através de suas obras, transforma-se em mais do que uma memória; ele se torna presente, vivo em cada linha que o leitor percorre.
Ao colocar seus pensamentos no papel, o autor grava uma parte de si mesmo. Cada frase é um reflexo de sua visão de mundo, suas experiências, sua essência. Mesmo quando não é explicitamente autobiográfico, um texto sempre carrega traços do espírito de quem o escreveu. Assim, a escrita transforma-se em uma forma de perpetuação da própria existência.
As páginas podem amarelar, o tempo pode corroer as capas, mas a mensagem que nelas repousa permanece intocada, sempre aguardando o momento de ser redescoberta. As palavras tornam-se uma espécie de legado, uma marca durável na história da humanidade. Um livro, um poema, uma carta, podem reviver um autor a cada leitura, e, de certa forma, conceder-lhe a imortalidade.
Dessa forma, quem escreve não apenas se expressa, mas também eterniza uma parte de si. O autor pode até partir deste mundo, mas suas palavras, sua essência, viverão para sempre. Escrever é, portanto, vencer a finitude da vida. E quem escreve, de fato, torna-se imortal.
SUMÁRIO da CULTURA em Revista nº1