01/03/2025 | Brasil a Calicute
Iziko South African Museum
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Diário de Bordo 1.03.25
A noite passada foi, sem dúvida, a mais tensa da viagem.
Voltávamos de Hout Bay sob o céu escuro quando chegamos à Cidade do Cabo em pleno horário de pico. O trânsito estava caótico, digno das grandes cidades brasileiras, e dirigir na mão inglesa só tornava tudo ainda mais desafiador.
Seguíamos pela pista da esquerda quando avistamos uma viatura policial parada sob um viaduto. Sem alternativa, estacionamos atrás dela e logo percebemos o motivo: um caminhão enguiçado à frente. Não havia ninguém organizando o trânsito, então tentamos seguir pela direita da viatura. Exaustos e pressionados pelo fluxo intenso, calculamos mal a distância e raspamos a lateral do nosso Suzuki Swift no para-choque traseiro do carro policial.
Parados entre o caminhão e a viatura, avaliamos os danos enquanto o oficial saía, visivelmente irritado. Antes de qualquer coisa, ele tratou de posicionar os cones de segurança – algo que, na verdade, já deveria ter feito antes. Em seguida, avisou que chamaria seu supervisor para resolver a questão.
Minutos depois, o superior chegou e pediu nossos documentos. Ao notar meu crachá de imprensa estrangeira, manteve a calma e conduziu o processo sem complicações. Preencheu a papelada, fez um croqui do incidente e nos forneceu o contato da delegacia para a seguradora.
Só então conseguimos respirar um pouco mais aliviados. Poderia ter sido muito pior — no caos daquele trânsito, não era impossível que tivéssemos atropelado alguém. Ainda impactados pelo ocorrido, seguimos para a Sunset Villa, completamente exaustos.
Um Dia de Cultura na Cidade do Cabo
No dia seguinte, ainda abalados pelo incidente, decidimos deixar o carro de lado e pegar um Uber até o centro. Nossa primeira parada foi o Iziko South African Museum, um dos mais importantes museus da África do Sul, fundado em 1825. Iziko, em Zulu, quer dizer "coração" ou "origem".
Localizado nos Company’s Gardens, abriga um acervo impressionante de fósseis, espécimes naturais e artefatos culturais. Entre as exposições mais marcantes, destacam-se os imensos esqueletos de baleias suspensos no teto, além de mostras sobre arqueologia, vida marinha e astronomia. O museu também apresenta artefatos dos povos indígenas San e Khoi, os habitantes originais da região durante as grandes navegações portuguesas.
Além de espaço expositivo, o museu é um importante centro de pesquisa científica, contribuindo para estudos em paleontologia, biologia e antropologia. A visita nos envolveu completamente, tornando-se uma experiência enriquecedora.
Por engano, ao sairmos, acabamos entrando na Iziko South African National Gallery, localizada no mesmo complexo. A principal galeria de arte da África do Sul abriga uma vasta coleção de pinturas, esculturas, fotografias e arte contemporânea, tanto de artistas sul-africanos quanto internacionais.
A galeria explora temas como colonialismo, apartheid e identidade, trazendo obras de renomados artistas locais, como Irma Stern e Gerard Sekoto, ao lado de mestres europeus e exposições temporárias inovadoras. O espaço nos proporcionou uma imersão profunda na arte e na cultura sul-africana, tornando-se uma surpresa inesperada, mas muito bem-vinda.
Depois de um dia imersos em cultura e história, voltamos à pousada refletindo sobre tudo o que havíamos vivido – tanto os desafios quanto os momentos de aprendizado.
