07/03/2025 | Brasil a Calicute

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Diário de Bordo - 7 de Março de 2025

Visitar o Museum Africa, no subúrbio de Joanesburgo, foi como entrar em uma máquina do tempo. Localizado no bairro de Newtown, o museu ocupa um antigo mercado de frutas e vegetais de 1913, um espaço amplo que abriga uma das coleções mais interessantes sobre a história e cultura africanas.

Logo na entrada, já dá para perceber que este não é um museu comum: em vez de apenas vitrines com artefatos, o lugar conta histórias, transporta a gente para diferentes momentos do passado e nos faz enxergar a África sob uma nova perspectiva.  

O acervo é vasto e bem diversificado. Há exposições sobre arqueologia, arte rupestre, culturas indígenas e até uma seção dedicada à geologia, com uma coleção impressionante de minerais da África Austral. Para quem gosta de fotografia, o Museu de Fotografia Bensusan, dentro do Museum Africa, guarda equipamentos antigos e imagens raras, um prato cheio para os apaixonados por registros históricos. Mas o que realmente me chamou a atenção foram as exposições sobre civilizações africanas antigas, como Kemet (o Egito Antigo), Kush e Punt. Em geral, aprendemos muito sobre o Egito nos livros de história, mas pouco ouvimos falar dessas outras civilizações que tiveram um impacto gigantesco na formação cultural do continente.  

Além disso, o museu dedica um espaço significativo para contar a história de Joanesburgo. A cidade cresceu rapidamente por causa do ouro, e o Museum Africa mostra como essa riqueza moldou o desenvolvimento urbano, atraiu imigrantes e, ao mesmo tempo, intensificou as desigualdades. Uma das áreas mais impactantes é a que aborda o apartheid. Ver documentos, fotografias e depoimentos desse período é algo que mexe com qualquer visitante e nos faz refletir sobre como esse passado ainda influencia o presente.  

O Museum Africa não é um daqueles museus formais e distantes. A maneira como a história é contada faz com que a visita seja envolvente, e o fato de estar localizado na área Cultural de Newtown deixa a experiência ainda mais interessante. Depois de explorar o museu, caminhamos pelo bairro, que tem muita arte de rua, teatros e um clima vibrante. A advertência de que era uma região perigosa tinha algum fundamento, mas nada comparada ao que conhecemos no Brasil. Bastou estarmos atentos.

A visita ao Museum Africa foi uma experiência enriquecedora e essencial para entender melhor a história da África e de Joanesburgo. É um passeio que recomendo para qualquer pessoa interessada em cultura e história, pois não apenas informa, mas também faz pensar sobre a trajetória do continente e seu impacto no mundo.