20/10/2022 | AERO em Revista
Emily Yegros Ortega: A Paraguaia que Caiu do Céu
A primeira paraquedista a explorar a região do Aeroclube do Paraná foi Emiliana Yegros Ortega, originária do Paraguai e com 18 anos na época. Infelizmente, incidentes infelizes obscureceram a história dessa mulher corajosa, resultando em imprecisões sobre sua jornada notável. Durante minha pesquisa sobre os 50 anos do Albatroz nas redes sociais, consegui localizá-la e reunir informações usando a documentação disponível. (Nota do Editor)
Emiliana, conhecida como Emily, chegou a Curitiba em 1958, vinda de São Paulo, onde havia concluído o curso de paraquedismo no aeroclube local no ano anterior. Ela foi a única mulher a se graduar na turma de dezesseis alunos, um feito que lhe rendeu um paraquedas Switlik B-8 diretamente das mãos do presidente do Paraguai, Alfredo Stroessner, além de uma honrosa condecoração por ser a pioneira paraquedista do país.
Durante uma de suas apresentações em 7 de junho de 1959, saltando de 10 mil pés de um avião Cessna 175, Emily surpreendeu os espectadores ao controlar seu paraquedas a apenas oitenta metros do solo. Isso foi um recorde na época, em que um maior tempo de abertura do paraquedas era considerado mais impressionante, mesmo que isso significasse menos segurança. Ela conquistou vários convites para realizar saltos de exibição em várias cidades, além de chamar a atenção da imprensa e receber propostas de casamento dos jovens pássaros locais.
Sua paixão pela aviação não se limitava ao paraquedismo. Seu próximo desafio era se tornar piloto, inspirada por Ada Rogato, a destemida aviadora brasileira famosa por suas proezas. Para alcançar esse objetivo, o governo paraguaio concedeu-lhe uma bolsa de estudos para estudar em Curitiba. Assim, ela iniciou suas aulas de voo e realizou demonstrações de saltos de paraquedas, algo inovador desde a inauguração do Aeroclube do Paraná em 1932, além de breves treinamentos militares.
O Acidente
Durante uma apresentação em Itajaí-SC, Emily foi levada pelo vento e acabou caindo no rio Itajaí-açu, longe do alvo planejado. Devido ao equipamento pesado da época e às dificuldades em se libertar dele, ela ficou submersa por três minutos. Felizmente, foi resgatada por pescadores e, após procedimentos de emergência, foi ressuscitada. Passou alguns dias no hospital e retornou a Curitiba, onde precisou de mais tempo de repouso devido à gravidade do acidente.
Durante o resgate, seu paraquedas foi danificado, levando Emily a solicitar ajuda financeira ao aeroclube. Infelizmente, seu pedido foi negado devido à falta de recursos. O Aeroclube do Paraná enfrentava uma fase complicada de instabilidade política, tendo mudado de direção três vezes em menos de um ano. Desanimada com o que parecia ser negligência e ingratidão, Emily parou de realizar saltos em Curitiba.
Ela concluiu sua formação como piloto e voltou para São Paulo, determinada a superar o recorde estabelecido pela modelo francesa Colette Duval, que havia saltado de 12 mil pés no Rio de Janeiro. No entanto, por ser paraguaia, Emily enfrentou dificuldades para homologar seus recordes no Brasil.
Emily se casou, teve dois filhos e agora reside em Marília-SP. Sua história será lembrada como a primeira paraquedista a saltar pelo Aeroclube do Paraná, um verdadeiro ícone da aviação.
SUMÁRIO . AERO em Revista nº2
- Emily Yegros Ortega: A Paraguaia que Caiu do Céu
- Havan . Solidariedade ao RS
- Evento de lançamento da AERO em Revista nº1
- Starlink: A Constelação de Elon Musk
- Elon Musk: Um Gênio Bilionário
- Literatura . Perdidos em Shangri-La
- O Voo do Albatroz: Mário «Meio Quilo» Malschitsky
- The Surf Drop
- Aeromodelismo RC . Ricardo Zanotto
- Aviação do Exército: Solidariedade ao RS
- Aviation Art . Marco Pullin
- Havan . Luciano Hang no RS e outras notícias
- Miniaturas de Cockpit . Flábio Pereira
- Cinema: O Voo da Fênix