20/10/2021 | AERO em Revista
História do Aeroclube do Paraná
Em 1918, o sonho de voar tomava forma em Curitiba com a criação da Escola de Aviação pelo Exército. Mas, como um pássaro com asas ainda frágeis, a iniciativa não vingou. A falta de aviões e a burocracia impediram seu voo.
Somente em 9 de janeiro de 1932, a paixão pela aviação uniu três jovens visionários: Rubens Munhoz, Miguel Blasi e Filinto Eisenback. Juntamente com outras personalidades empreendedoras do Paraná, fundaram o Aeroclube do Paraná, com o Dr. Eduardo Virmond Lima como seu primeiro presidente.
A busca por um ninho para o Aeroclube resultou na doação de uma área de 500x500 metros, na antiga Escola de Agronomia, pelo interventor federal Manoel Ribas. Em 4 de maio de 1932, o "Campo do Bacachery" viu seu primeiro pouso.
Mas os ventos da guerra sopraram em 1932, e o campo foi ocupado militarmente. O desenvolvimento do Aeroclube se entrelaçou com a instrução dos aviadores do 5º Regimento de Aviação. Nos primeiros anos, os alunos aprendiam a voar em planadores lançados por cordas elásticas ou rebocados por automóveis. A jornada era árdua, e apenas dois dos primeiros alunos receberam seus brevets em 1937, cinco anos após a fundação do Aeroclube.
Com três aviões Fleet, o Aeroclube formou sua primeira turma de pilotos, incluindo David Muricy, que receberia o brevet número 1 do Brasil.
Luiza Bueno Gomm, em 1941, quebrou barreiras ao se tornar a primeira piloto mulher do Paraná.
Aviões de tela e pano marcaram a instrução básica por mais de 40 anos, e o Aeroclube se tornou referência na manutenção de aeronaves e formação de mecânicos.
Em 1959, Emily Yegros Ortega, a primeira paraquedista do Aeroclube, encantou o público com suas acrobacias nos céus. Em 1967, o departamento Albatroz de Paraquedismo foi criado, impulsionando o esporte e as revoadas em outras cidades.
Hoje, o Aeroclube do Paraná continua a liderar na formação de Comissários de Voo, Pilotos, Instrutores de Voo, Mecânicos e outros profissionais da aviação, escrevendo novos capítulos na saga dos pioneiros do céu.
Em 1918, a aspiração de voar começou a se materializar em Curitiba com o estabelecimento da Escola de Aviação pelo Exército.
Quatro anos depois, em 1922, Rubens Pereira Munhoz tentou, impulsionado por sua paixão pela aviação e pelo recente curso que concluíra, fundar um Aeroclube em Curitiba. Apesar do entusiasmo de alguns amigos igualmente fascinados pela ideia de voar e do apoio de Herbert Munhoz Van Erven, seu primo, amigo, respeitável jornalista e grande incentivador, o projeto não se concretizou.
Posteriormente, com a adesão do Tenente Aviador Miguel Balbino Blasi, já brevetado pela Aviação Naval e com formação em Engenharia Aeronáutica, os três foram encarregados de organizar o Serviço de Aviação Militar, sendo comissionados como Segundos Tenentes.
Em outubro de 1930, foi construído um campo de pouso de 300m x 20m, localizado onde hoje está o Hipódromo do Tarumã. Do Rio de Janeiro, chegaram dois aviões Potez e Latécoère, destinados a apoiar as forças de Getúlio Vargas. Embora não tenham participado de ações militares, realizaram demonstrações de voo sobre a cidade, entusiasmando diversas autoridades locais com a ideia de criar um aeroclube em Curitiba.
Após o fim da revolução, os aviões retornaram ao Rio de Janeiro e a comissão foi desfeita. No entanto, o desejo dos precursores de voar era ainda mais forte. Eles continuaram unidos, estreitaram laços de amizade, conquistaram seguidores e promoveram seus ideais. Palestras sobre aviação foram realizadas, causando grande impacto. A adesão de Filinto Jorge Eisenbach, representante em Curitiba do Syndicato Condor, foi fundamental.
Após quase 10 anos de esforço e determinação, em 9 de janeiro de 1932, Rubens Pereira Munhoz, Capitão Miguel Blasi e Filinto Eisenbach fundaram o Aeroclube do Paraná, com o apoio de autoridades civis e militares, bem como de figuras proeminentes na sociedade e na política. A primeira reunião ocorreu na Casa do Mate - Palácio Avenida, e a primeira diretoria foi formada por:
- Presidente: Eduardo Virmont Lima
- Vice-presidente: Bertoldo Hauer
- Secretário: Filinto Jorge Eisenbach
- Secretário assistente: Rubens Pereira Munhoz
- Tesoureiro: Álvaro Junqueira Junior
- Tesoureiro assistente: Kurt Oscar Muller
- Diretor Técnico: Miguel Balbino Blasi
- Diretor Técnico assistente: Carlos Luhm
- Consultor Jurídico: Herbert Heisler
Assim surgiu o Aeroclube do Paraná, o segundo mais antigo do Brasil e terceiro do mundo. Inicialmente vinculado ao aspecto militar, o Aeroclube manteve uma excelente relação com o Regimento de Aviação, recebendo total apoio do Exército.
As principais prioridades foram a construção de um campo de aviação e a aquisição de aviões para treinamento. Após superar desafios, conseguiram quatro aviões Fleet doados pelo 5º Regimento de Aviação, utilizados principalmente para instrução de voo e também em festivais aéreos. O Regimento emprestou também um Waco CSO para treinamento mais avançado.
No primeiro ano após sua fundação, o Aeroclube já contava com 104 associados, enfrentando questões técnicas e burocráticas. Em 26 de março de 1932, foi declarado de utilidade pública, e em 25 de abril do mesmo ano, recebeu a doação de um terreno para sua sede. A inauguração oficial ocorreu em 15 de maio de 1932, com a presença do Senhor Interventor Manuel Ribas. Neste mesmo ano o Aeroclube do Paraná filiou-se ao Aeroclube do Brasil e à Federação Aeronáutica Internacional, em Paris, aumentando seu reconhecimento.
Apesar das conquistas, o Aeroclube enfrentou anos de dificuldades, tanto materiais quanto políticas, refletindo a instabilidade global do final da década de 30 e a falta de apoio das autoridades civis.
SUMÁRIO da AERO em Revista nº1
- História do Aeroclube do Paraná
- O Biplano Fleet
- O Bombardeio de Curityba
- Comissária de Voo: Lilian Bastos de Andrade
- O Departamento Albatroz de Paraquedismo
- O Voo do Albatroz
- O Porco Paraquedista
- Perfil: Franco Giuseppe Rovedo
- O Famoso Fairchild PT-19
- Voando em Duas Rodas
- O Edmundo e a Esquadrilha
- Perfil: Walter Augusto da Silva