20/10/2021 | AERO em Revista
O Edmundo e a Esquadrilha
Em 1986, no evento em que os pilotos da Esquadrilha da Fumaça vieram se apresentar em Curitiba, a cidade ficou em alvoroço. Era um espetáculo aéreo aguardado com grande expectativa pela população. Os T-27 Tucanos rasgavam o céu, deixando rastros de fumaça colorida e realizando manobras impressionantes.
Após o espetáculo, a equipe de pilotos estava animada e queria aproveitar a noite na cidade. Foi quando decidiram pedir uma recomendação aos pilotos da organização da revoada do Aeroclube para o melhor lugar para comer em Curitiba. Foi então que alguém sugeriu o Bar do Edmundo, um local conhecido não apenas pela excelente comida, mas também por sua atmosfera aconchegante e pela hospitalidade do proprietário, Edmundo.
Os pilotos logo concordaram em experimentar o lugar, mas havia um desafio logístico: eles estavam acompanhados pelos mecânicos, os Anjos da Guarda, e precisariam de uma condução grande o suficiente para todos. Felizmente, a solução estava próxima. A poucos metros do Hotel de Trânsito da Base Aérea, o Bar do Edmundo era uma escolha conveniente.
Chegando ao bar, foram recebidos calorosamente pelo próprio Edmundo. A mesa foi preenchida com deliciosos pratos locais, enquanto histórias e risadas preenchiam o ambiente. Os pilotos e os mecânicos desfrutaram de uma refeição memorável, compartilhando suas experiências e aprendendo mais sobre a cidade de Curitiba.
A noite passou rapidamente em meio a boa comida e conversas animadas. No dia seguinte, durante a apresentação de domingo da Esquadrilha da Fumaça, os pilotos decidiram homenagear a hospitalidade e a comida excepcional que receberam no Bar do Edmundo. Realizando o tradicional coração no céu, dedicaram aquele momento especial à recepção calorosa e à hospitalidade encontrada na noite anterior. Foi uma conexão única entre os céus acrobáticos e a hospitalidade terrestre, unindo a paixão pela aviação e o prazer da boa comida e boas companhias.
Há cinco décadas, Edmundo Stromberg, então um simples vendedor de pipoca, decidiu dar uma guinada em sua vida e carreira. Adquiriu um bar próximo à sua residência, situado na Avenida Erasto Gaertner 1764, nas proximidades do Aeroclube do Paraná, em um bairro então distante chamado Bacacheri.
Naquela época, a Avenida Erasto Gaertner era uma rota movimentada, especialmente para os caminhoneiros que seguiam em direção a São Paulo. Foi nesse cenário que Edmundo e sua esposa, Maria Mendes Stromberg, decidiram criar um petisco saboroso e acessível. Por sugestão de um fornecedor de carnes, que compartilhou a receita com eles, nasceu o petisco mais famoso do bar: o "bucho à milanesa".
Além do bucho à milanesa, o cardápio oferecia outras iguarias, como camarão abraçadinho, cascudinho frito, caldo de mocotó, dobradinha e sopa de peixe.
Quando Edmundo queria fechar o bar, por volta das duas da madrugada, ele costumava anunciar alto: "Estou com soooooono!" e iniciava o processo de recolhimento das cadeiras e de despedida dos clientes.
Os pilotos e paraquedistas do Aeroclube do Paraná ainda são assíduos frequentadores do local. Além dos pratos de frutos do mar, a preferência dos aviadores é a Carne de Onça e os famosos bolinhos premiados nos festivais gastronômicos da cidade.
Atualmente, o comando do bar está nas mãos de José Edmundo, filho do fundador. Ele realizou algumas reformas no ambiente, mas preservou a qualidade dos serviços e dos petiscos que tornaram o bar conhecido.
O cardápio mantém clássicos como bucho à milanesa, camarão abraçadinho nas versões à paulista e ao bafo, espeto de camarão, bolinhos de bacalhau, camarão, siri e carne seca, iscas de peixe, cascudinho, lambari, quirera com costelinha, rã à milanesa e moela ao molho. Nos meses mais frios, os clientes podem desfrutar do reconfortante caldo de mocotó.
Avenida Erasto Gaertner , 1764 – Bacacheri - Curitiba-PR
SUMÁRIO da AERO em Revista nº1
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O Edmundo e a Esquadrilha