15/10/2024 | AERO em Revista
A Aviação do Exército Brasileiro
A origem da Aviação do Exército remonta aos campos de batalha de Humaitá e Curupaiti, durante a Guerra da Tríplice Aliança. Foi o Duque de Caxias, patrono do Exército Brasileiro, quem teve o pioneirismo de utilizar balões cativos em operações militares na América do Sul, com o objetivo de observar as linhas inimigas. Após o conflito, foi criado o Serviço de Aerostação Militar, que continuou desenvolvendo atividades com balões por mais 47 anos.
Em 1913, nasceu a Escola Brasileira de Aviação no Campo dos Afonsos, no Rio de Janeiro, e foram adquiridos os primeiros aviões de fabricação italiana para o Exército. Dois anos depois, em 1915, esses aviões foram utilizados sob o comando do General Setembrino durante a Campanha do Contestado. O então Tenente Aviador Ricardo Kirk, diretor da Escola de Aviação e comandante do Destacamento de Aviação, morreu em 1º de março de 1915, durante uma missão de reconhecimento aéreo na região onde hoje se localiza o município de General Carneiro, no Paraná. Por seu pioneirismo, Kirk foi promovido postumamente a Capitão e é reconhecido como o maior herói da Aviação do Exército.
Em 1927, a Aviação Militar passou por um processo de reorganização e crescimento, com a criação da Arma de Aviação do Exército. Com novos aviões e a colaboração da Missão Militar Francesa de Aviação, a Escola de Aviação Militar foi fortalecida. A primeira unidade aérea, o Grupo Misto de Aviação, foi estabelecida em maio de 1931 no Campo dos Afonsos, no Rio de Janeiro, e desempenhou um papel importante no combate aos revolucionários paulistas durante a Revolução de 1932.
No entanto, em 20 de janeiro de 1941, com a criação do Ministério da Aeronáutica, a Força Aérea Brasileira (FAB) recebeu a responsabilidade exclusiva pelas atividades aéreas nacionais, o que resultou na extinção do Corpo de Aviação da Marinha e da Aviação Militar do Exército, encerrando a fase inicial da Aviação do Exército.
O Renascimento da Aviação do Exército
Após a Segunda Guerra Mundial, os conflitos militares demonstraram a importância de dominar o espaço aéreo de baixa altitude para aumentar a mobilidade tática e o poder de combate das forças terrestres. Acompanhando a evolução dos exércitos de outros países, o Exército Brasileiro percebeu a necessidade de contar com uma aviação própria. Isso garantiria à Força Terrestre maior poder, mobilidade e flexibilidade. Assim, na década de 1980, o Estado-Maior do Exército iniciou estudos sobre o uso de aeronaves de asas rotativas (helicópteros) em apoio às operações de superfície.
Os estudos resultaram na criação, em 1986, da Diretoria de Material de Aviação do Exército (DMAvEx) e do 1º Batalhão de Aviação do Exército (1º BAvEx). A nova Aviação do Exército começou a tomar forma física em janeiro de 1988, com a instalação do 1º BAvEx em Taubaté-SP, cidade estrategicamente localizada entre Rio de Janeiro e São Paulo. A escolha de Taubaté se deu também por sua proximidade de centros industriais e de pesquisa na área de aviação, como a Embraer, Helibras e o Centro Técnico Aeroespacial.
Outro marco importante foi a licitação de 1987, que culminou na compra de 16 helicópteros HB 350 L1 Esquilo (HA-1) e 36 SA 365 K Pantera (HM-1), adquiridos do consórcio Aérospatiale/Helibras. O primeiro helicóptero Esquilo foi entregue ao 1º BAvEx em abril de 1989, marcando oficialmente o início das operações da nova Aviação do Exército. Com o recebimento das 52 aeronaves e a necessidade de ampliar a frota, um novo contrato foi assinado com o mesmo consórcio, resultando na compra de mais 20 helicópteros AS 550 A2 Fennec, versão do HA-1.
Em 1997, durante a missão de observadores militares entre Peru e Equador (MOMEP), o Exército Brasileiro adquiriu quatro aeronaves S70-A Black Hawk. Após o fim da missão, essas aeronaves foram transferidas para o Brasil, onde, a partir de 1999, passaram a integrar o 4º Esquadrão de Aviação do Exército, sediado em Manaus-AM.
Os primeiros pilotos da nova fase da Aviação do Exército foram formados nas Forças Armadas irmãs, a Marinha e a Aeronáutica. Com o tempo, esses conhecimentos foram adaptados e aprimorados dentro da própria Aviação do Exército, criando um centro de formação capaz de preparar seus próprios especialistas. Hoje, a AvEx desenvolve suas próprias doutrinas e capacita centenas de alunos, oficiais e praças, que levam adiante os ideais da aviação em todo o território nacional.
Com mais de 90.000 horas de voo, a Aviação do Exército opera em regiões diversas, da caatinga ao Amazônia, dos pampas às grandes cidades, mostrando uma capacidade impressionante de adaptação às dimensões continentais do Brasil. Além de apoiar as forças militares, a AvEx desempenha um papel crucial em ações cívico-sociais, como resgates aeromédicos, busca e salvamento, e em situações de calamidade pública, consolidando sua relevância tanto no cenário nacional quanto internacional.
SUMÁRIO
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A Aviação do Exército Brasileiro