03/11/2024 | AERO em Revista
Samuel Langley: Outro Pioneiro da Aviação
Samuel Pierpont Langley foi um cientista, astrônomo e inventor norte-americano que, apesar de seu nome ser menos popular que o dos irmãos Wright, desempenhou um papel significativo na corrida pelo domínio dos céus no final do século XIX e início do século XX. Langley tinha um perfil acadêmico distinto e foi secretário da famosa instituição Smithsonian, em Washington, D.C., onde liderou importantes pesquisas e experimentos na área da física e da astronomia. Mas o que, de fato, mais fascinava Langley era o voo – a ideia de que seres humanos poderiam um dia cruzar o céu como pássaros, deixando para trás as limitações do solo.
Langley nasceu em 1834 e, como muitos outros pioneiros da aviação, começou a investigar as possibilidades do voo impulsionado por pura curiosidade científica. No entanto, ele foi além, estudando como desenvolver um mecanismo que pudesse sustentar uma aeronave no ar sem depender da força humana, e foi uma das primeiras pessoas a explorar a ideia do voo motorizado. Seu trabalho foi influenciado por outros estudiosos da aerodinâmica, como Sir George Cayley, Otto Lilienthal e Chanute, todos defensores do uso de planadores para entender o princípio da sustentação.
Entretanto, Langley estava convencido de que o futuro da aviação exigiria uma máquina capaz de alçar voo com o uso de um motor leve e potente.
Ao longo de sua trajetória, Langley realizou experiências com um modelo de aeronave que chamou de “Aerodrome” – uma espécie de protótipo para o avião moderno. Os experimentos iniciais, realizados com modelos em escala reduzida, foram promissores. Em 1896, Langley alcançou um feito considerável: seu Aerodrome modelo número 5, equipado com um motor a vapor, conseguiu permanecer no ar por cerca de 1 minuto e 30 segundos. Esse tempo de voo pode parecer curto, mas foi um avanço impressionante para a época, um vislumbre do que o voo controlado poderia se tornar.
Em 1896, Langley construiu uma aeronave a vapor não tripulada chamada Aerodrome nº 6. Em 28 de novembro daquele ano, a aeronave percorreu cerca de 1.200 metros até esgotar o vapor que a movia. No entanto, o aparelho não possuía um sistema de controle de direção em voo. Como esperado, as máquinas a vapor, sendo bastante pesadas, mostraram-se impráticas para aviação.
Mesmo assim, o sucesso do Aerodrome nº 6 permitiu que Langley convencesse o Departamento de Guerra (hoje Departamento de Defesa) a investir 50.000 dólares em uma nova tentativa para desenvolver uma aeronave pilotada. O Instituto Smithsoniano também contribuiu com um valor similar para apoiar os esforços de Langley.
Com esses recursos, Charles M. Manly, assistente de Langley, projetou uma aeronave com cerca de 60 quilos, com uma potência de 52 cavalos-vapor, visando assegurar o êxito do projeto. O resultado foi uma versão mais avançada, a qual Langley nomeou de Large Aerodrome A. Considerando que o risco seria menor em caso de falha, Langley decidiu realizar o teste sobre a água e usou quase metade dos fundos para construir uma barcaça equipada com uma catapulta para lançar o aparelho. Em 7 de outubro de 1903, com Manly no comando, o avião foi lançado – mas, logo após a decolagem, caiu nas águas do Rio Potomac. (Curiosidade: Desta maneira, Langley pode ser considerado o Pai dos Porta Aviões.)
Curiosamente, o voo motorizado que Langley tanto almejava foi realizado no mesmo ano, quando os irmãos Wright conseguiram alçar voo com sua máquina “Flyer” em dezembro de 1903. Ainda assim, o trabalho de Langley foi um passo importante para o avanço da aviação. Ele demonstrou que, com a engenharia certa e o investimento em pesquisa, o voo controlado era realmente possível.
Seus esforços e experimentos foram acompanhados por outros pioneiros da aviação, como Octave Chanute e Santos Dumont, que acreditavam na colaboração e no compartilhamento de descobertas para o progresso dessa nova ciência.
O legado de Samuel Langley reside não apenas em suas máquinas ou tentativas de voo, mas em sua visão destemida. Ele acreditava firmemente que a conquista do céu estava ao alcance da humanidade e que a ciência era a ponte para esse sonho. Sua perseverança em explorar o voo motorizado inspirou muitos pesquisadores que viriam depois dele, mostrando como o esforço humano em busca de um objetivo comum pode impulsionar a inovação.
Hoje, Langley é lembrado como um dos primeiros defensores do potencial do voo motorizado. Sua história nos lembra que, na ciência e na inovação, o sucesso é raramente construído em linha reta; é feito de passos ousados, experimentos incertos e uma convicção inabalável no sonho de que o impossível pode ser alcançado.